sábado, 20 de novembro de 2010

Eduardo Marinho.mp4

domingo, 11 de julho de 2010

Serra ordena demissões na TV Cultura

Por Altamiro Borges em 09/07/2010

Assista o vídeo: "http://www.youtube.com/watch?v=ZK4s6KaUdzc"

Dois renomados jornalistas da TV Cultura, tutelada pelo governo paulista, foram demitidos nos últimos dias: Heródoto Barbeiro e Gabriel Priolli.

Por mera coincidência, ambos questionaram os abusivos pedágios cobrados nas rodovias privatizadas do estado. A mídia demotucana, que tanto bravateia sobre a “liberdade de expressão”, evita tratar do assunto, que relembra a perseguição e a censura nos piores tempos da ditadura. Ela não vacila em blindar o presidenciável José Serra.

Heródoto Barbeiro, apresentador do programa Roda Viva, foi demitido após perguntar, ao vivo, sobre os altos pedágios. O ex-governador Serra, autoritário e despreparado, atacou o jornalista, acusando-o de repetir o “trololó petista”. Heródoto será substituído por Marília Gabriela, uma das estrelas da Rede Globo. Já Gabriel Priolli, que assumira a função de diretor de jornalismo da TV Cultura apenas uma semana antes, foi sumariamente dispensado ao pautar uma reportagem sobre o “delicado” assunto, que tanto incomoda e irrita os tucanos.

Risco à liberdade de expressão

Sua equipe chegou a entrevistar Geraldo Alckmin e Aloizio Mercadante, candidatos ao governo paulista. Mas pouco antes de ser exibida, a reportagem foi suspensa por ordens do novo vice-presidente de conteúdo da emissora, Fernando Vieira de Mello. “Tiveram que improvisar uma matéria anódina sobre viagens dos candidatos” e “Priolli foi demitido do cargo”, relata o sempre bem informado Luis Nassif, que também foi alvo de perseguições na TV Cultura.

Entre os jornalistas, não há dúvida de que mais estas demissões foram ordenadas diretamente por José Serra. Nas redes privadas de rádio e TV e nos jornalões e revistonas, o grão-tucano goza de forte influência. Ele costuma freqüentar as confortáveis salas dos barões da mídia. Ele também é conhecido por ligar para as redações exigindo a cabeça de repórteres inconvenientes. Depois os tucanos e a sua mídia ainda falam nos ataques à liberdade de expressão no governo Lula.

“Para quem ainda têm dúvidas, a maior ameaça à liberdade de imprensa que esse país jamais enfrentou, nas últimas décadas, seria se, por desgraça, Serra juntasse ao poder da mídia, que já tem o poder de Estado”, alerta Nassif. Aguarda-se, agora, algum pronunciamento de Heródoto Barbeiro e Gabriel Priolli sobre o ditador José Serra, para o bem da dignidade dos jornalistas e do jornalismo.


Matéria original do blog do Luis Nassif, 08/07/2010 às 22h25,
"http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/pedagio-derruba-mais-um-jornalista-da-tv-cultura"


Pedágio derruba mais um jornalista da TV Cultura

“Há uma semana, Gabriel Priolli foi indicado diretor de jornalismo da TV Cultura.

Ontem [quarta 07], planejou uma matéria sobre os pedágios paulistas. Foram ouvidos Geraldo Alckmin e Aluizio Mercadante, candidatos ao governo do estado. Tentou-se ouvir a Secretaria dos Transportes, que não quis dar entrevistas. O jornalismo pediu ao menos uma nota oficial.

Acabaram não se pronunciando.

Sete horas da noite, o novo vice-presidente de conteúdo da TV Cultura, Fernando Vieira de Mello, chamou Priolli em sua sala. Na volta, Priolli informou que a matéria teria que ser derrubada. Tiveram que improvisar uma matéria anódina sobre as viagens dos candidatos.

Hoje, Priolli foi demitido do cargo. Não durou uma semana. Semana passada foi Heródoto Barbeiro, demitido do cargo de apresentador do Roda Viva devido às perguntas sobre pedágio feitas ao candidato José Serra.

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E olha o descaso de Serra

http://www.youtube.com/watch?v=ZK4s6KaUdzc&feature=player_embedded

terça-feira, 8 de junho de 2010

Oscip contratada por Ivani vai receber R$ 2 milhões - Rodrigo Lima

A Prefeitura de Rio Preto vai pagar R$ 2 milhões para a Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) “Instituto Sorrindo para a Vida” ao longo de 2010. A contratação da entidade, que vai fornecer serviços de assistência social e psicologia, ocorreu pela Secretaria de Assistência Social e está sob avaliação do Ministério Público Federal (MPF), que poderá abrir inquérito para apurar o caso.

A secretária de Assistência Social de Rio Preto, Ivani Vaz de Lima, defende a legalidade da contratação do instituto, que já recebeu R$ 750 mil neste ano dos cofres municipais. De acordo com informações encaminhadas pela própria secretária à Câmara, foram contratados pela Prefeitura - sem a realização de concurso público - 25 psicólogos e 36 assistentes sociais, totalizando 61 profissionais.

Ivani rejeita o termo “contratar” e alega que “compra” serviços da Oscip. O vereador Marco Rillo (PT), que defende a realização de concurso público para a área, também apura supostas irregularidades na contratação da Oscip, sendo que não houve licitação.

“A Secretaria de Assistência Social compra serviços e não contrata pessoas. A execução dos serviços comprados pode gerar contratação de pessoas que são de inteira responsabilidade do RH (Recursos Humanos) da Oscip. A quantidade ou não que se fizer necessária será conforme a Oscip entender a necessidade para o cumprimento de metas e resultados”, afirmou Ivani. Os profissionais atuam nos Centros de Referência da Assistência Social (Cras).

Em Fernandópolis, o MPF recomendou ao prefeito Luiz Vilar (DEM) a suspensão do termo de parceria com a Oscip Instituto de Saúde e Meio Ambiente (Isama). O procurador da República Thiago Lacerda Nobre concedeu no final de maio prazo de 60 dias para a prefeitura reassumir os serviços de saúde no município, sob pena de ingressar com ação civil pública por improbidade contra o prefeito. Ele indica a realização de concurso público para contratação de profissionais da saúde.

Segundo Ivani, desde o dia 11 de abril foi firmado com o “Instituto Sorrindo para a Vida” o 2º termo de parceria pela Secretaria de Assistência Social. “Não é novidade parcerias através de termos de parcerias com as Oscips, elas existem aos montes na área de Saúde e Cultura. O nosso FIT (Festival Internacional de Teatro) é realizado por uma Oscip, assim como todas as oficinas culturais. Salvo engano a Oscip do FIT é a mesma há 5 anos”, afirmou a secretária.

A informação, porém, foi desmentida pelo secretário de Cultura, Deodoro Moreira. “Não existe nenhuma Oscip realizando o FIT. Ela (Ivani) se enganou. Estou avaliando contratar uma Oscip para gerenciar os núcleos de arte, mas isso vai depender de analisar da parceria pela Procuradoria”, disse Moreira.

De acordo com a secretária, cabe ao instituto definir quantidade de profissionais que serão contratados, a necessidade de contratação de empresas especializadas em determinados serviços, uniformes, qualificação de pessoal entre outros decisões. Ivani disse que cabe a pasta “verificar, cobrar, monitorar o cumprimento dos resultados, pois só através deles a Oscip será remunerada.”

A secretária afirmou que o plano de trabalho, que direciona a execução do termo de parceria com a Oscip, é definido de acordo com diretriz da Assistência Social. Ivani disse que tudo é verificado e acompanhado pelos integrantes do Conselho Municipal de Assistência Social na qual ela própria é a presidente.

Ivani afirmou que a contratação da Oscip ocorreu após consulta à Procuradoria Geral do Município e à Secretaria da Fazenda. “Inclusive estivemos também no Tribunal de Contas do Estado (TCE) para realizarmos com segurança todos os atos necessários para o cumprimento da devida parceria”, afirmou a secretária.

O procurador-geral do município, Luiz Tavolaro, afirmou que emitiu parecer favorável à contratação da Oscip. “Tomamos todas as cautelas e isso que é importante. O TCE não apontou nenhuma irregularidade”, disse.

Contratação de Oscip é criticada

A ex-secretária da Assistência Social de Rio Preto Maria Aparecida Trazzi Vernuci, conhecida como Tida, criticou a contratação da Oscip “Instituto Sorrindo para a Vida” pela Secretaria de Assistência Social. Tida, que é assistente social do município, afirmou que o Conselho Municipal que aprovou o termo de parceria com a entidade está “sob o comando de Ivani.” Tida foi “colocada à disposição” por Ivani por não concordar com diretrizes da secretária.

“Pela norma da assistência, tem de ter concurso. Não pode contratar servidores, técnicos (sem concurso). Por isso ela (Ivani) conseguiu fazer tantos Cras (Centro de Referência da Assistência Social)”, afirmou Tida, que agora está lotada na Secretaria da Educação. “Me comunicou (da remoção) por telefone”, disse a ex-secretária, que em 2003 negou registro à entidade Programação Ação e Educação (PAE), então presidido por Ivani.

“Estão contratando psicólogos e assistentes sociais sem fazer o concurso público. Esses profissionais não são registrados na carteira de trabalho. Trabalham por meio de cooperativa”, afirmou a ex-secretária.

Ivani, por sua vez, diz que nova legislação de Assistência determina que sejam criados espaços públicos para o oferecimento e execução de programas, projetos e serviços. Além do Cras, voltado para serviços de proteção básica, a pasta implantou Centros de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) para os serviços de proteção especial.

sábado, 5 de junho de 2010

Ação global: solidariedade com o município autônomo de San Juan Copala, Oaxaca, México dias 7, 8 e 9/5


Muitos ativistas e leitores que acompanham as publicações do CMI Brasil certamente já ouviram falar de uma intensa rebelião mexicana que veio a se tornar conhecida como a "Comuna de Oaxaca". Oaxaca é, junto com Chiapas e Guerrero, um dos estados mais pobres do México, e concentra, com esses e outros estados do sul do país, a maior parte da população indígena mexicana. Em 2006, após a iniciativa do movimento sindical dos professores de Oaxaca, este estado protagonizou uma das mais ousadas insurreições não armadas que se tem notícia, formando a Assembléia Popular dos Povos de Oaxaxa (APPO), declarando a desaparição dos poderes instituídos em Oaxaca. O movimento foi objeto de uma brutal repressão, tanto por parte do governador Ulises Ruiz quanto por parte do presidente Felipe Calderón, o que fez de Oaxaca uma das referências mais emblemáticas e dramáticas nas discussões dos recentes fóruns de direitos humanos.

No ano que seguiu à repressão mais forte e o desmantelamento da APPO, um município indígena, da etnia triqui, inspirado pelo impacto da APPO e a experiência zapatista, se declarou em autonomia e iniciou um processo comunitário de auto-organização e criação de um poder popular não estatal. Isso implicava uma ruptura com as estruturas formais do estado oaxaqueño, e em especial com o partido que governou o país por mais de 70 anos, e detinha o total controle das instituições públicas em Oaxaca, o PRI (Partido Revolucionário Institucional). Como reação a essa ruptura, e temendo que o caso desse munícipio pudesse se alastrar pelo estado, tal como passou com a APPO, o governador estimulou a formação de grupos paramilitares e iniciou um conjunto de ações para deslegitimar a proclamação de autonomia do povo triqui, culminando ao que hoje podemos considerar um verdadeiro cerco de caráter militar ao município.

San Juan Copala é o nome desse município, e desde 2007 vem sofrendo ações sistemáticas de violação dos direitos humanos dos seus habitantes por parte do governo estadual e dos grupos paramilitares, o que inclui o assassinato de várias de suas lideranças. Em virtude do cerco que está vivendo esse município que se declarou autônomo, no início desse ano um grupo de 100 ativistas mexicanos e estrangeiros organizou uma caravana humanitária para levar alimentos e medicamentos para o povo triqui, registrar as denúncias mais recentes de violações de direitos humanos e levar um pouco de solidariedade para amenizar a tragédia vivida pelo habitantes de Copala. Mas no dia 27 de abril, a caravana foi recebida no munícipio a balas por um grupo de 15 paramilitares. Do saldo desse ataque, faleceram dois ativistas: a mexicana Beatriz Alberta Cariño Trujillo e o finlandês Tyri Antero Jaakkola. Uma dezena de habitantes do local, incluindo mulheres e crianças, também foram tomados como reféns pelo grupo paramilitar poucos dias depois desse episódio, e se encontram sequestrados até o momento. E no dia 20 de maio, para aumentar o nível da tensão, foram assassinados mais dois dos líderes históricos da região.

Ativistas e organizações do México e de várias partes do mundo estão se articulando para iniciar uma série de ações globais. A primeira, já convocada para os dias 7, 8 e 9 de junho, consistirá em manifestações públicas nas imediações das embaixadas mexicanas ao redor do mundo, cartas diplomáticas, ações de solidariedade e cobertuda por meios alternativos da nova caravana de solidariedade que estará saindo da Cidade do México para San Juan Copala. Através do e-mail libertadparacopala@gmail.com é possível obter mais informações e contatos para a realização de ações de solidariedade. Por meio da cobertura da rádio Planton (http://giss.tv:8001/plantonsonoro.ogg.m3u), podem ser feitas audições e retransmissões por parte de rádios livres e comunitárias. Apesar das dificuldades na organização de atividades dessa natureza, e os problemas e lutas específicos em que está inserido cada ativista brasileiro que poderá vir a ler essa convocatória, é importante que não deixemos de demonstrar nossa solidariedade aos habitantes do município autônomo de San Juan Copala, bem como aos compas que tombaram no dia 27 de abril e 20 de maio, em defesa dos direitos de autodeterminação do povo triqui.

ABAIXO A REPRESSÃO AO MUNICIPIO AUTONOMO SAN JUAN COPALA!

VIVA A LUTA POR AUTONOMIA DE TODOS OS POVOS DO MUNDO!

AÇÃO GLOBAL CONTRA O GOVERNO FASCISTA DE OAXACA E SEUS SERVIS GRUPOS PARAMILITARES!

CONVOCATÓRIA OFICIAL

Sítio Autonomia em San Juan Copala | Sítio Todos Com a Caravana

Editoriais da Comuna de Oaxaca: Oaxaca quer novo sistema político baseado em assembléias estatais no México | Novos Passos em Oaxaca | A sétima megamarcha toma as ruas de Oaxaca, México | Atos por Oaxaca em Brasília, Fortaleza, Marília, São Paulo, Rio de Janeiro e Tefé | Artigo de Cássio Brancaleoni sobre a APPO

Fonte: CMI

Polícia Federal prende mãe e bebê Tupinambá


quando tentava retornar para sua aldeia, Glicéria ?
tendo ao colo o seu bebê de dois meses ? foi detida
ao descer do avião, ainda na pista de pouso do
aeroporto de Ilhéus (BA), e diante dos demais
passageiros, por três agentes da Polícia Federal,
numa intenção clara de constrangê-la.

Polícia Federal prende mãe e bebê Tupinambá

A Polícia Federal prendeu na tarde de hoje, feriado de
Corpus Christi, a índia Glicéria Tupinambá e seu filho de
apenas (02) dois meses. Glicéria é liderança de seu povo
e membro da Comissão Nacional de Política Indigenista
? CNPI. Vinculada ao Ministério da Justiça, a CNPI tem
entre seus integrantes representantes de 12 ministérios,
20 lideranças indígenas e dois representantes de
entidades indigenistas. Na tarde de ontem, 2 de junho,
Glicéria participou da reunião da CNPI com o Presidente
Lula, oportunidade em que denunciou as perseguições
de que as lideranças Tupinambá têm sido vítimas por
parte da Polícia Federal no Sul da Bahia.



No dia seguinte, quando tentava retornar para sua aldeia,
Glicéria ? tendo ao colo o seu bebê de dois meses ?
foi detida ao descer do avião, ainda na pista de pouso
do aeroporto de Ilhéus (BA), e diante dos demais
passageiros, por três agentes da Polícia Federal,
numa intenção clara de constrangê-la. O episódio
foi testemunhado por Luis Titiah, liderança Pataxó
Hã-hã-hãe, também membro da CNPI, que a acompanhava.



Após ser interrogada durante toda a tarde na sede
da Polícia Federal em Ilhéus, sempre com o bebê ao
colo, Glicéria recebeu voz de prisão da delega Denise
ao deixar as dependências do órgão. Segundo
informações ainda não confirmadas, a prisão foi
decretada pelo juiz Antonio Hygino, da Comarca
de Buerarema (BA), sob a alegação de Glicéria ter
participado no seqüestro de um veículo da META
(empresa que presta serviço de energia na região).
Esse juiz, em entrevista concedida ao repórter Fábio
Roberto para um jornal da região, se referiu aos
Tupinambá como ?pessoas que se dizem índios?.
Mãe e filho serão transferidos para um presídio na
cidade de Jequié, distante cerca de 200km de sua aldeia.



Desde que a FUNAI iniciou o processo de demarcação
da terra indígena Tupinambá as fazendas invasoras da
terra indígena passaram a contratar pistoleiros,
fazendeiros dos municípios de Ilhéus e Buerarema
iniciaram campanhas difamatórias nas rádios e jornais
locais, incitando a população regional contra os índios,
o que resultou numa série de conflitos envolvendo
pistoleiros, fazendeiros e indígenas. Como conseqüência
da disputa pela posse da terra os Tupinambá respondem
a uma série de inquéritos e processos criminais patrocinados
pela Polícia Federal, numa estratégia clara de criminalização
de sua luta legítima em defesa de seu território tradicional.
Em decorrência dessa ofensiva de criminalização já estão
presos os indígenas Rosivaldo (conhecido como cacique
Babau) e Givaldo, irmãos de Glicéria que passa a ser
terceira presa política Tupinambá.



A animosidade nutrida pela Polícia Federal em relação
aos Tupinambá já se tornou crônica. No dia 23 de
outubro de 2008, numa ação extremamente agressiva,
a PF atacou a comunidade indígena da Serra do Padeiro,
deixando 14 Tupinambá feridos à bala de borracha,
destruiu casas e veículos da comunidade, a escola
indígena e seus equipamentos, e ainda deteriorou a
merenda escolar. Dois Tupinambá foram presos na
ocasião. Em junho de 2009, após outra ação de
agentes da PF juntamente com fazendeiros - numa
ação de reintegração de posse -, sinais de tortura
em cinco Tupinambá ficaram comprovados por exames
de corpo de delito realizados no Instituto Médico Legal
do Distrito Federal. O inquérito, levado a cabo pelo
mesmo delegado que coordenou a ação dos agentes,
concluiu entretanto pela inocorrência de tortura.
Nenhum dos agentes foi afastado durante ou após
as investigações. No dia 10 de março de 2010, numa
ação irregular, a Polícia Federal invadiu a residência
do cacique Babau em horário noturno (duas horas da
madrugada), destruindo móveis e utilizando extrema
força física para imobilizar o Cacique, que acreditava
estar diante de pistoleiros, pois os agentes estavam
camuflados, com os rostos pintados de preto, não se
identificaram e não apresentaram mandado de prisão,
além de proferir ameaças e xingamentos.



O Conselho Indigenista Missionário, preocupado com
a integridade física e psicológica de Glicéria e seu filho,
vem a público manifestar mais uma vez o seu repúdio
ao tratamento dispensado por órgãos policiais e judiciais
ao Povo Tupinambá. Reafirma seu compromisso em
continuar apoiando a luta justa do povo pela demarcação
de seu território tradicional e conclama a sociedade
nacional e internacional a se manifestar em defesa da
causa Tupinambá e pela imediata libertação de seus líderes.



Brasília, 3 de junho de 2010.



Conselho Indigenista Missionário ? Cimi
fonte: CMI

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Relatório da Anistia Internacional 2010


No dia 26 de maio a Organização não-
governamental Anistia Internacional
divulgou o relatório anual sobre o estado
dos direitos humanos no mundo, com
informações de países dos 5 continentes.

No lançamento do Informe 2010 - Anistia
Internacional: o Estado dos Direitos
Humanos no Mundo, que documenta
abusos cometidos em 159 países, a
organização afirmou que governos
poderosos estão obstruindo o progresso
da justiça internacional ao se colocarem
acima da lei em questões de direitos
humanos, protegendo os aliados de
críticas e atuando apenas quando
politicamente conveniente.

Anistia Internacional: O Estado dos Direitos Humanos no Mundo 2010 -


fonte: CMI BRASIL

terça-feira, 25 de maio de 2010

Paulo Nogueira e o macartismo da Folha

Preparando-se para a guerra eleitoral, a mídia demotucano já iniciou a "limpeza ideológica" nas suas redações. Na semana passada, o Grupo Abriu demitiu o editor da National Geographic do Brasil, Felipe Milanez, que criticou no seu twitter as distorções grosseiras da revista Veja. Agora, é a Folha de S.Paulo que dispensa o economista Paulo Nogueira Batista Junior, atual diretor do Brasil no FMI e um dos poucos colunistas que ainda justifica a leitura deste pasquim golpista.

O argumento usado é risível. A famíglia Frias alegou que "sua coluna é das mais longevas", só não explicou porque outros antigos colunistas nunca foram molestados. Paulo Nogueira sempre foi um ácido crítico das políticas neoliberais de desmonte do Estado e da nação. Ele nunca deu tréguas aos tucanos colonizados, com seu "complexo de vira-lata". Na luta de idéias em curso na batalha eleitoral, o economista seria um estorvo para José Serra, o candidato do Grupo Folha.

Relembrando as perseguições de 2006

Para disfarçar a sua política macartista de "caça às bruxas", a Folha anunciou um novo plantel de colunistas, que inclui o Antonio Palocci. Com isso, ela tenta preservar a falsa imagem de "jornal pluralista". Mas, como ironiza o jornalista Paulo Henrique Amorim, a jogada é rasteira. "Antônio Malloci, ex-ministro da Fazenda, como se sabe é um notável tucano que eventualmente milita no PT. Paulo Nogueira Batista Junior era um dos últimos vestígios de talento que a Folha exibia... A Folha, com um novo conjunto de ‘colonistas’, aproxima-se cada vez mais da treva sem fim".

O clima de perseguição ideológica nas redações da mídia "privada" não é novidade. Na sucessão presidencial de 2006, ele também produziu suas vítimas, entre elas o jornalista Rodrigo Vianna, que não aceitou as baixarias da TV Globo na cobertura da campanha. Franklin Martins e Tereza Cruvinel também sentiram o ódio do "senhor das trevas" das Organizações Globo, Ali Kamel. Nos jornais e revistas, a perseguição fascistóide silenciou vários outros jornalistas.

A quem serve a liberdade de expressão?

Como afirma o professor Venício A. de Lima, estes episódios revelam "a hipocrisia geral que envolve as posições públicas dos donos da mídia sobre liberdade de expressão e liberdade de imprensa... As relações de trabalho nas redações brasileiras, é sabido, são hierárquicas e autoritárias. Jornalistas e editores são considerados, pelos patrões, como ocupando ‘cargos de confiança’ e devedores de lealdade incondicional". Caso tentem manter a ética no seu trabalho jornalístico, eles são demitidos sumariamente.

Com a aproximação da eleição presidencial de outubro, o clima tende a se deteriorar ainda mais nas redações, comprovando a falsidade do discurso dos donos da mídia e das suas entidades -como Abert, Aner e ANJ- sobre a "ameaça autoritária" do governo Lula contra a liberdade de imprensa. "Episódios como este nos obrigam a perguntar, uma vez mais, para quem é a liberdade de expressão que a grande mídia defende?", conclui o professor Venício A. de Lima.

A mídia ‘vira-lata’ e o acordo Brasil-Irã

Altamiro Borges *


Adital -


Apesar da bronca recente que levou do irritadiço José Serra, a jornalista Miriam Leitão mantém-se uma seguidora canina das teses demo-tucanas. No programa Espaço Aberto, da Globo News desta quinta-feira (20), ele entrevistou dois "renomados especialistas" sobre o acordo Brasil-Irã: Luiz Felipe Lampreia e Sérgio Amaral. Excitada com as opiniões emitidas, ela só não informou aos ingênuos telespectadores que ambos são tucanos de carteirinha, serviram ao entreguista FHC e hoje viraram as estrelas da TV Globo no combate hidrófobo à política externa do governo Lula.

Ex-porta-voz e ex-ministro de FHC, Sérgio Amaral nem disfarçou o seu ressentimento e inveja. Para ele, o Brasil não deveria se meter nos conflitos na região. Explicitando o seu servilismo, ele tentou desqualificar o "atual protagonismo" do Itamaraty, afirmando que isto pode prejudicar as relações com os EUA. Repetindo os relatórios da CIA, também garantiu que o Irã é uma ameaça à paz mundial - mas não falou uma linha sobre as ogivas e as ações belicistas do governo ianque. Mais "diplomático", Lampreia, outro serviçal de FHC, também ridicularizou o acordo Brasil-Irã.

Sucursais rastaqüeras da mídia dos EUA

Miriam Leitão não é a única a usar os meios de comunicação, inclusive as concessões públicas, para repetir as velhas teses colonizadas. Na prática, a maior parte da mídia nativa mais se parece com uma sucursal rastaqüera da imprensa ianque - e do Departamento do Estado dos EUA. Ela é a expressão acabada do "complexo de vira-lata", ironizado pelo dramaturgo Nelson Rodrigues. Foi uma entusiasta da política de "alinhamento automático com os EUA", praticado por FHC, e defendeu acriticamente o tratado neocolonial da Área de Livre Comércio das Américas (Alca).

A mídia demotucana sempre foi covarde diante do império e prepotente diante das nações mais sofridas. Ela embarcou com tudo nas 938 mentiras alardeadas pelo presidente-terrorista George W. Bush para justificar a invasão e o genocídio no Iraque, num patriotismo às avessas. Já quando Evo Morales nacionalizou o petróleo da Bolívia, ela exigiu do presidente Lula o rompimento das relações diplomáticas e até o envio de tropas para a fronteira. A mesma arrogância se manifestou quando das negociações sobre Itaipu, num discurso agressivo contra o governo do Paraguai.

Ceticismo, inveja e dor de cotovelo

Esta visão colonizada ficou, mais uma vez, escancarada nas negociações de paz entre Brasil-Irã-Turquia. Num primeiro momento, a mídia apostou no total fracasso da iniciativa. Como relata o professor Dennis de Oliveira, os jornalões conservadores afirmaram que o presidente Lula estaria "perdendo tempo" e "arriscando a credibilidade internacional do país". A Folha estampou em sua manchete que "Irã dá ao Brasil um polêmico protagonismo", num artigo carregado de ceticismo. O Estadão também menosprezou as negociações, prognosticando seu insucesso.

Já quando o acordo foi assinado, a mídia, ainda meio desnorteada, procurou desqualificá-lo. Em nenhum momento, ela enfatizou que os termos do acordo são os mesmos propostos pelo próprio Conselho de Segurança da ONU. O que antes ela defendia, agora se opõe - numa típica postura ideologizada contra o governo Lula. "A aposta no fracasso deu lugar ao ceticismo com misto de inveja e dor de cotovelo", constata Dennis de Oliveira. Na sua oposição ao acordo, o Estadão usou até as declarações infelizes da candidata Marina Silva, que se prestou ao trabalho sujo.

Repercussão mundial omitida

No seu complexo de vira-lata, a mídia colonizada nem sequer repercutiu análises mais isentas da imprensa mundial. O jornal francês Le Monde, por exemplo, elogiou o Brasil e destacou que "o Sul emergente já aparecera antes, em cena que provocou frisson e alarido no palco internacional, em domínios do meio ambiente e comércio. Essa semana, inaugura nova etapa, importante sinal de quanto aumenta o poder desses países. Ei-los ativos em terreno que, até agora, permanecia quase monopólio das tradicionais ‘grandes potências’: a proliferação nuclear no Oriente Médio".

Já o jornal britânico The Guardian realçou que o acordo "marca o nascimento de uma nova força altamente promissora no cenário internacional: a parceria Brasil-Turquia... O que se viu foi que negociadores competentes em negociações bem encaminhadas por dois líderes mundiais destruíram a versão, difundida por Washington, de que o Irã não faria acordos e teria de ser ‘atacado’". Miriam Leitão, Sérgio Amaral, Lampreia, FHC e o presidenciável Serra devem morrer de inveja diante de tantos elogios, que a mídia nativa omite. Podem até cortar os pulsos!

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Serra e o problema com os números

EDITORIAL @cartamaior Os desejos virulentos da antiga imprensa brasileira

Nas horas seguintes aos primeiros anúncios do acordo com o Irã, começaram a surgir vozes e textos tentando diminuir ou simplesmente desqualificar o feito alcançado. A pressa era compreensível. Dias antes, o pré-candidato do PSDB à presidência da República, José Serra, havia dito durante uma entrevista em Porto Alegre, que jamais receberia ou se reuniria, caso fosse eleito, com o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. A diferença de horizonte expõe o tamanho, a qualidade da visão e o compromisso de quem fala. Mas, se a visão é curta, por um lado, é crescentemente virulenta, por outro. E o grau dessa virulência parece ser proporcional aos acertos do governo brasileiro.

Esta semana reforçou a percepção de que a chamada grande imprensa brasileira – ou antiga imprensa, como afirma, entre outros, o cineasta Jorge Furtado – está não apenas desempenhando o papel de uma “oposição fragilizada”, mas também defendendo, sem mediações ou sutilezas, os interesses da política externa dos Estados Unidos. Estariam fragilizados também estes interesses? Em um certo sentido, sim. A iniciativa do governo brasileiro, em conjunto com o governo da Turquia, de buscar uma solução negociada para a crise nuclear envolvendo o Irã mostrou que é possível outro caminho do que aquele das “guerras preventivas”, dos “bombardeios cirúrgicos”, do “choque e do pavor”. O presidente Lula, representando o Estado brasileiro, fez um movimento ousado e corajoso. E acertou em cheio.

Nas horas seguintes aos primeiros anúncios do acordo, começaram a surgir vozes e textos tentando diminuir ou simplesmente desqualificar o feito alcançado. A pressa é compreensível. Dias antes, o pré-candidato do PSDB à presidência da República, José Serra, havia dito durante uma entrevista em Porto Alegre, que jamais receberia ou se reuniria, caso fosse eleito, com o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. Além da postura submissa às ordens que o Departamento de Estado norte-americano ainda insiste em querer ditar o mundo, a declaração de Serra mostrou a pequenez do horizonte de visão do postulante ao cargo mais importante da República brasileira e um dos mais importantes hoje para todos os países que apostam na desmilitarização da agenda política das nações.

Ao caminhar na direção oposta daquela defendida por Serra, Lula mostrou coragem pessoal, ousadia estratégica e, acima de tudo, compromisso com a construção de um mundo onde os conflitos e diferenças sejam resolvidos através da conversa e das negociações – que podem, sim, muitas vezes, ser exaustivas e mesmo pouco frutíferas no curto prazo – ao invés da solução eficiente da morte e da destruição. Eficiente para quê? – cabe perguntar. Não certamente para a vida de milhões de pessoas que pode ser salva em função de uma dessas conversas complicadas que algumas pessoas preferem não ter. A omissão e a covardia andam de mãos dadas com a impossibilidade de se dizer abertamente o que se está pensando.

Isso ficou muito claro no discurso de vários articulistas da imprensa nacional, preocupados em desdobrar a fala de Serra. Na verdade, a crítica principal dirigida a Lula era a crítica a iniciativa de ir conversar com Ahmadinejad. Como assim? Quem esse sujeito (o presidente da República, no caso) pensa que é? Quem o Brasil pensa que é? Não foi por acaso que a repercussão do acordo na imprensa internacional foi maior e mais positivo do que no Brasil. A diferença de horizonte só expõe o tamanho, a qualidade da visão e o compromisso de quem fala. Mas, se a visão é curta, por um lado, é crescentemente virulenta, por outro. E o grau dessa virulência parece ser proporcional aos acertos do governo brasileiro. Dois dias após o anúncio do acordo, o jornal
Zero Hora comemorava com um destaque de capa: “EUA atropelam acordo de Lula”. O desejo virulento do atropelamento pelo menos foi transparente quanto ao alvo: o Lula. É disso que se trata.

Há outros pressupostos neste discurso de submissão a um passado recente quando o Brasil e a América Latina sabiam qual era o seu lugar. E aí, mais uma vez, a antiga imprensa tenta socorrer as palavras de suas referências políticas. Quando Serra qualificou o Mercosul como uma “farsa” e defendeu a adoção de acordos de livre comércio, retomando a já esquecida agenda da ALCA, estava simplesmente repetindo a agenda de seu partido que integra o campo conservador brasileiro: a prioridade não é a integração regional é o livre comércio e o salve-se quem puder; a prioridade não é a construção de laços de solidariedade e de complementaridade entre os povos e as nações, mas sim a Lei do Gérson, tentar levar vantagem em tudo; a prioridade não é colocar a economia a serviço da vida, especialmente a vida de milhões de pessoas que vivem em situação de pobreza, mas sim flexibilizar, promover “choques de gestão”, deixar os mercados livres.

Não deixa de ser ilustrativa a associação cínica da palavra liberdade aos mercados, neste momento em que a Grécia e outros países da Europa (sempre apontada como referência de modernidade e civilização) são obrigados a tomar o remédio amargo, ineficaz e criminoso do Fundo Monetário Internacional. Não por acaso, muitos dos defensores dessa receita criticam também a iniciativa diplomática do governo brasileiro. A matriz de pensamento é a mesma, tem nome, sobrenome, endereço e tipificação do ponto de vista penal. O que está acontecendo com a Grécia agora deixa isso claro.

Em 2007, as já tristemente famosas agências classificadoras de risco elevaram às nuvens a cotação de “papéis” que mais tarde se revelaram títulos podres. Os governos foram chamados a socorrer bancos e outras instituições financeiras privadas que trabalhavam com esses papéis tão bem avaliados. Bilhões de dólares que supostamente não existem quando se fala da necessidade de investir em saúde e educação, surgiram do dia para a noite para o socorro bancário. Muitos dos socorridos dizem agora que o Banco Central europeu não pode emprestar aos Estados. Afinal, ele emprestou aos bancos valores colossais a juros baixos durante o auge da crise financeira. E este dinheiro serve agora para que esses bancos emprestem aos Estados, com juros bem maiores...Um negócio simples, lucrativo e criminoso. E, atualizando uma velha máxima, muito menos arriscado do que assaltar um banco.


quinta-feira, 20 de maio de 2010

O império manda, as colônias obedecem

19/05/2010


Por
Frei Betto e
João Pedro Stedile

Após a Segunda Guerra Mundial, quando as forças aliadas saíram vitoriosas, o governo dos EUA tentou tirar o máximo proveito de sua vitória militar. Articulou a Assembléia das Nações Unidas dirigida por um Conselho de Segurança integrado pelos sete países mais poderosos, com poder de veto sobre as decisões dos demais.

Impôs o dólar como moeda internacional, submeteu a Europa ao Marshall, de subordinação econômica, e instalou mais de 300 bases militares na Europa e na Ásia, cujos governos e mídia jamais levantam a voz contra essa intervenção branca.

O mundo inteiro só não se curvou à Casa Branca porque existia a União Soviética para equilibrar a correlação de forças. Contra ela, os EUA travaram uma guerra sem limites, até derrotá-la política, militar e ideologicamente.

A partir da década de 90, o mundo ficou sob hegemonia total do governo e do capital estadunidenses, que passaram a impor suas decisões a todos os governos e povos, tratados como vassalos coloniais.

Quando tudo parecia calmo no império global, dominado pelo Tio Sam, eis que surgem resistências. Na América Latina, além de Cuba, outros povos elegem governos antiimperialistas. No Oriente Médio, os EUA tiveram que apelar para invasões militares a fim de manter o controle sobre o petróleo, sacrificando milhares de vidas de afegãos, iraquianos, palestinos e paquistaneses.

Nesse contexto surge no Irã um governo decidido a não se submeter aos interesses dos EUA. Dentro de sua política de desenvolvimento nacional, instala usinas nucleares e isso é intolerável para o Império.

A Casa Branca não aceita democracia entre os povos. Que significa todos os países terem direitos iguais. Não aceita a soberania nacional de outros povos. Não admite que cada povo e respectivo governo controlem s eus recursos naturais.

Os EUA transferiram tecnologia nuclear para o Paquistão e Israel, que hoje possuem bomba atômica. Mas não toleram o acesso do Irã à tecnologia nuclear, mesmo para fins pacíficos. Por quê? De onde derivam tais poderes imperiais? De alguma convenção internacional? Não, apenas de sua prepotência militar.

Em Israel, há mais de vinte anos, Moshai Va nunu, que trabalhava na usina atômica, preocupado com a insegurança que isso representa para toda a região, denunciou que o governo já tinha a bomba. Resultado: foi sequestrado e condenado à prisão perpetua, comutada para 20 anos, depois de grande pressão internacional. Até hoje vive em prisão domiciliar, proibido de contato com qualquer estrangeiro.

Todos somos contra o armamento militar e bases militares estrangeiras em nossos países. Somos contrários ao uso da energia nuclear, devido aos altos riscos, e ao uso abusivo de tantos recursos econômicos em gastos militares.

O governo do Irã ousa defender sua soberania. O governo usamericano só não invadiu militarmente o Irã porque este tem 60 milhões de habitantes, é uma potência petrolífera e possui um governo nacionalista. As condições são muito diferentes do atoleiro chamado Iraque.

Felizmente, a diplomacia brasileira e de outros governos se envolveu na contenda. Esperamos que sejam respeitados os direitos do Irã, como de qualquer outro país, sem ameaças militares.

Resta-nos torcer para que aumentem as campanhas, em todo mundo, pelo desarmamento militar e nuclear. Oxalá o quanto antes se destinem os recursos de gastos militares para solucionar problemas como a fome, que atinge mais de um bilhão de pessoas.

Os movimentos sociais, ambientalistas, igrejas e entidades internacionais se reuniram recentemente em Cochabamba, numa conferência eco lógica mundial, convocada pelo presidente Evo Morales. Decidiu-se preparar um plebiscito mundial, em abril de 2011. As pessoas serão convocadas a refletir e votar se concordam com a existência de bases militares estrangeiras em seus países; com os excessivos gastos militares e que os países do Hemisfério Sul continuem pagando a conta das agressões ao meio ambiente praticadas pelas indústrias poluidoras do Norte.

A luta será longa, mas nessa semana podemos comemorar uma pequena vitória antiimperialista.

Frei Betto é escritor e João Pedro Stedile integra a direção da Via Campesina

quarta-feira, 19 de maio de 2010

A Direita e suas novas vestimentas
Daniel Lopes*

A nova direita vê a forma atual da democracia como imutável, como o “fim da história”. Avalia toda tentativa da esquerda de transformar a democracia como um ataque à liberdade.”

Luis Nassif – Folha de São Paulo 3/3/2009

Em virtude do avanço da esquerda na América Latina e a grande aprovação das políticas sociais e econômicas do Governo Lula, não nos atentamos ao surgimento de uma nova direita no país, rompedora com sua tradição golpista, orientada por novos pensadores, ideológica e com sólido projeto de poder.

O maior protagonista deste pensamento é o Democratas, que reconheço ter mudado de nome, mas também de postura, estando em estado de depuração. É facilmente detectável a disputa travada entre a “velha-guarda” – herdeira das tradições ACMistas, como ACM Neto, Ronaldo Caiado, dentre outros – e um novo grupo, onde destaco a figura do Senador Demóstenes Torres e o Deputado Federal Índio da Costa. Um grupo intelectualizado, que no caso de José Roberto Arruda, posicionou-se autocriticamente e articulou a expulsão do Governador do DF. Essa nova “linha de frente” democrata, paradoxalmente a sua própria história política – antes Arena e PFL – são os que mais defendem o projeto Ficha-limpa.

O jornal Brasil de Fato abordou aspectos interessantes dessa Nova Direita:

“Reafirmação dos valores liberais e neoliberais: livre comércio, modelo estadunidense de sociedade, elogio da empresa privada e do mercado, crítica do Estado como regulador, das políticas redistributivas, apologia da midia oligopólica como critério de liberdade e de democracia. Ataques furibundos, desqualificadores da esquerda, do socialismo, a qualquer papel regulador ao Estado, do igualitarismo, a políticas de afirmação de direitos, do Sul do mundo à América Latina em particular, dos partidos aos movimentos sociais.”.

A Nova Direita está enraizada nos meios monopolizados e privados de comunicação – com sucessão familiar – surgidas com o Golpe de 1964, cujos herdeiros proprietários também já perceberam a necessidade de alterar postura e dar nova orientação ideológica (de direita) à sociedade. Contudo, ainda permanecendo com seu caráter manipulador:

1) Desqualificam governantes ou candidatos que não seguem seus interesses;

2) Criminalizam os movimentos sociais;

3) Defendem a concepção de direita multicultural, retirando da luta e dos movimentos sociais seu caráter classista, apontando-o apenas como instrumento de emancipação cultural;

4) Simpáticos a movimentos organizados em setores médios, baseados em frases de efeito, como o “Cansei”;

Ainda como característica especial, sentem-se satisfeitos com o modelo democrático atual. Resistem às propostas de radicalização democrática apresentadas pelo governo, sugerindo postura golpista. Assim, nos casos da Conferência Nacional de Comunicação, quando do surgimento da TV Brasil e no referendo do Desarmamento.

Embora em processo de depuração, a Nova Direita ainda guarda valores preconceituosos e conservadores. Regra geral, são críticos a projetos como da criminalização à homofobia, desrespeitam – de todas as formas – o caráter laico do Estado e argumentam hipocritamente – calcados no senso comum – sobre novos problemas sociais apresentados ao país, defendendo a radicalização da cultura punitiva, p.ex.: redução da maioridade penal; ignorando novas formas de abordagem, como o uso da redução de danos em usuários de drogas.

*Daniel Lopes - Secretário-geral do Diretório Central de Estudantes da Universidade de Sorocaba; estudante de Filosofia e Psicanálise.

sábado, 15 de maio de 2010

Não deixem a universidade dos trabalhadores acabar!



Os donos do capital têm mesmo razões para se sentir
ameaçados. Um dos pilares de sustentação da
desigualdade social é, precisamente, o abismo
que separa os intelectuais
das camadas populares. O "povão" é mantido à
distância
dos centros produtores do saber. A elite brasileira
sempre
foi muito eficaz e inteligente a esse respeito.
Conseguiu
até a proeza de criar no país uma universidade
pública
(apenas em 1934, isto é, 434 anos após a
chegada de
Cabral) destinada a excluir os pobres.


por José Arbex Jr. (texto originalmente publicado na revista
Caros Amigos)

Caros(as) amigos(as):



http://juntosomos-fortes.blogspot.com/


A Escola Nacional Florestan Fernandes pede a sua
ajuda urgente
para se manter em funcionamento (veja como c
ontribuir, no final deste texto).

Situada em Guararema (a 70 km de São Paulo),
a escola foi
construída, entre os anos 2000 e 2005, graças ao
trabalho
voluntário de pelo menos mil trabalhadores sem terra
e simpatizantes.
Nos cinco primeiros anos de sua existência, passaram
pela escola
16 mil militantes e quadros dos movimentos sociais do
Brasil, da
América Latina e da África.

Não se trata, portanto, de uma ?escola do MST?,
mas de um
patrimônio de todos os trabalhadores comprometidos
com um
projeto de transformação social. Entretanto, no
momento em
que o MST é obrigado a mobilizar as suas energias para
resistir
aos ataques implacáveis dos donos do capital, a escola
torna-se
carente de recursos. Nós não podemos permitir, sequer
tolerar
a ideia de que ela interrompa ou sequer diminua o ritmo
de suas
atividades.

A escola oferece cursos de nível superior, ministrados
por mais
de 500 professores, nas áreas de Filosofia Política,
Teoria do
Conhecimento, Sociologia Rural, Economia Política da
Agricultura,
História Social do Brasil, Conjuntura Internacional,
Administração
e Gestão Social, Educação do Campo e Estudos
Latino-americanos.
Além disso, cursos de especialização, em convênio
com outras
universidades (por exemplo, Direito e Comunicação
no campo).

O acervo de sua biblioteca, formado com base em
doações,
conta hoje com mais de 40 mil volumes impressos,
além de
conteúdos com suporte em outros tipos de mídia.
Para assegurar
a possibilidade de participação das mulheres, foram
construídas
creches (as cirandas), onde os filhos permanecem
enquanto as
mães estudam.


A escola foi erguida sobre um terreno de 30 mil
metros quadrados,
com instalações de tijolos fabricados pelos próprios
voluntários.
Ao todo, são três salas de aula, que comportam
juntas até 200
pessoas, um auditório e dois anfiteatros, além de
dormitórios,
refeitórios e instalações sanitárias.

Os recursos para a construção foram obtidos com
a venda do livro
Terra (textos de José Saramago, músicas de Chico
Buarque e fotos
de Sebastião Salgado), contribuições de ONGs
europeias e doações.

Claro que esse processo provocou a ira da burguesia
e de seus
porta-vozes ?ilustrados?. Não faltaram aqueles que
procuraram,
desde o início, desqualificar a qualidade do ensino
ali ministrado,
nem as ?reportagens? sobre o suposto caráter
ideológico das aulas
(como se o ensino oferecido pelas instituições
oficiais fosse
ideologicamente "neutro"), ou ainda as inevitáveis
acusações
caluniosas referentes às "misteriosas origens" dos
fundos para a
sustentação das atividades.

As elites, simplesmente, não suportam a ideia que
os trabalhadores
possam assumir para si a tarefa de construir um
sistema avançado,
democrático, pluralista e não alienado de ensino.
Maldito Paulo Freire!

Os donos do capital têm mesmo razões para se
sentir ameaçados.
Um dos pilares de sustentação da desigualdade
social é, precisamente,
o abismo que separa os intelectuais das camadas
populares. O "povão"
é mantido à distância dos centros produtores do
saber. A elite brasileira
sempre foi muito eficaz e inteligente a esse respeito.
Conseguiu até a
proeza de criar no país uma universidade pública
(apenas em 1934, isto
é, 434 anos após a chegada de Cabral) destinada
a excluir os pobres.

Carlos Nelson Coutinho e outros autores já demonstraram
que, no Brasil,
os intelectuais que assumem a perspectiva da
transformação social
sempre encontraram dois destinos: ou foram
cooptados (mediante o
"apadrinhamento", a incorporação domesticada nas
universidades e
órgãos de serviços públicos, ou sendo regiamente
pagos por seus escritos,
ou recebendo bolsas e privilégios etc.), ou os poucos
que resistiram foram
destruídos (presos, perseguidos, torturados, assassinados).

Apenas a existência de movimentos sociais fortes,
nacionalmente organizados
e estruturados poderia fornecer aos intelectuais
oriundos das classes
trabalhadoras ou com elas identificados a oportunidade
de resistir, produzir
e manter uma vida decente, sem depender dos
"favores" das elites. Ora,
historicamente, tais movimentos foram exterminados
antes mesmo de ter
tido tempo de construir laços mais amplos e fortes
com outros setores sociais.

A ENFF coloca em cheque, esse mecanismo histórico.
A construção da
escola só foi possibilitada pela prolongada sobrevivência
relativa do MST
(completou 25 anos 2009, um feito inédito para um
movimento popular de
dimensão nacional), bem como o método por ele empregado,
de diálogo e
interlocução com o conjunto da nação oprimida. Esse
método permitiu o
desenvolvimento de uma relação genuína de colaboração
entre a elaboração
teórica e a prática transformadora.

É uma oportunidade histórica muito maior do que a oferecida
ao próprio
Florestan Fernandes, Milton Santos, Paulo Freire e tantos
outros grandes
intelectuais que, apesar de todos os ataques dos donos do
capital,
souberam apoiar-se no pouquíssimo que havia de público na
universidade
brasileira para elaborar suas obras.

Veja como você pode participar da Associação dos Amigos
da Escola
Florestan Fernandes

Em dezembro, um grupo de intelectuais, professores,
militantes e
colaboradores resolveu criar a Associação dos Amigos da
Escola
Nacional Florestan Fernandes, com três objetivos bem
definidos:
1 ? divulgar as atividades da escola, por todos os meios
possíveis,
incluindo sites, newsletter e blogs; 2 ? iniciar uma campanha
nacional
pela adesão de novos sócios; 3 ? promover uma série
intensa de
atividades, em São Paulo e outros estados, para angariar
fundos,
com privilégios especiais concedidos aos membros da
associação.

O seu Conselho de Coordenação é formado por José
Arbex Junior,
Maria Orlanda Pinassi e Carlos Duarte. Participam do
Conselho Fiscal:
Caio Boucinhas, Delmar Mattes e Carlos de Figueiredo.
A sede
situa-se na Rua da Abolição n° 167 - Bela Vista -
São Paulo ? SP ?
Brasil - CEP 01319-030.

Existem duas modalidades de associação: a plena e a
solidária.
A única diferença entre ambas as modalidades consiste
no valor
a ser pago. Ambas asseguram os mesmos direitos e
privilégios
estendidos aos associados.

Para ficar sócio pleno, você deverá pagar a quantia de
R$ 20,00
(vinte reais) mensais; para tornar-se sócio solidário,
você poderá
contribuir com uma quantia maior ou menor do que os
R$ 20,00
mensais. Esses recursos serão diretamente destinados
às atividades
da escola ou, eventualmente, empregados na organização
de
atividades para coleta de fundos (por exemplo: seminários,
mostras
de arte e fotografia, festivais de música e cinema).

Para participar e contribuir, clique aqui , faça o
download da Ficha
de Adesão (PDF), imprima, preencha e envie por email para associacaoamigos@enff.org.br . Caso você seja do
Rio de Janeiro,
envie uma cópia do email para
amigosdaenff.rj@gmail.com

Para obter mais informações, procure a secretaria
executiva Magali
Godoi através dos telefones: (11) 3105-0918;
(11) 9572-0185;
(11) 6517-4780, ou do correio eletrônico:
associacaoamigos@enff.org.br


http://juntosomos-fortes.blogspot.com/