“A nova direita vê a forma atual da democracia como imutável, como o “fim da história”. Avalia toda tentativa da esquerda de transformar a democracia como um ataque à liberdade.”
Luis Nassif – Folha de São Paulo 3/3/2009
Em virtude do avanço da esquerda na América Latina e a grande aprovação das políticas sociais e econômicas do Governo Lula, não nos atentamos ao surgimento de uma nova direita no país, rompedora com sua tradição golpista, orientada por novos pensadores, ideológica e com sólido projeto de poder.
O maior protagonista deste pensamento é o Democratas, que reconheço ter mudado de nome, mas também de postura, estando em estado de depuração. É facilmente detectável a disputa travada entre a “velha-guarda” – herdeira das tradições ACMistas, como ACM Neto, Ronaldo Caiado, dentre outros – e um novo grupo, onde destaco a figura do Senador Demóstenes Torres e o Deputado Federal Índio da Costa. Um grupo intelectualizado, que no caso de José Roberto Arruda, posicionou-se autocriticamente e articulou a expulsão do Governador do DF. Essa nova “linha de frente” democrata, paradoxalmente a sua própria história política – antes Arena e PFL – são os que mais defendem o projeto Ficha-limpa.
O jornal Brasil de Fato abordou aspectos interessantes dessa Nova Direita:
“Reafirmação dos valores liberais e neoliberais: livre comércio, modelo estadunidense de sociedade, elogio da empresa privada e do mercado, crítica do Estado como regulador, das políticas redistributivas, apologia da midia oligopólica como critério de liberdade e de democracia. Ataques furibundos, desqualificadores da esquerda, do socialismo, a qualquer papel regulador ao Estado, do igualitarismo, a políticas de afirmação de direitos, do Sul do mundo à América Latina em particular, dos partidos aos movimentos sociais.”.
A Nova Direita está enraizada nos meios monopolizados e privados de comunicação – com sucessão familiar – surgidas com o Golpe de 1964, cujos herdeiros proprietários também já perceberam a necessidade de alterar postura e dar nova orientação ideológica (de direita) à sociedade. Contudo, ainda permanecendo com seu caráter manipulador:
1) Desqualificam governantes ou candidatos que não seguem seus interesses;
2) Criminalizam os movimentos sociais;
3) Defendem a concepção de direita multicultural, retirando da luta e dos movimentos sociais seu caráter classista, apontando-o apenas como instrumento de emancipação cultural;
4) Simpáticos a movimentos organizados em setores médios, baseados em frases de efeito, como o “Cansei”;
Ainda como característica especial, sentem-se satisfeitos com o modelo democrático atual. Resistem às propostas de radicalização democrática apresentadas pelo governo, sugerindo postura golpista. Assim, nos casos da Conferência Nacional de Comunicação, quando do surgimento da TV Brasil e no referendo do Desarmamento.
Embora em processo de depuração, a Nova Direita ainda guarda valores preconceituosos e conservadores. Regra geral, são críticos a projetos como da criminalização à homofobia, desrespeitam – de todas as formas – o caráter laico do Estado e argumentam hipocritamente – calcados no senso comum – sobre novos problemas sociais apresentados ao país, defendendo a radicalização da cultura punitiva, p.ex.: redução da maioridade penal; ignorando novas formas de abordagem, como o uso da redução de danos em usuários de drogas.
*Daniel Lopes - Secretário-geral do Diretório Central de Estudantes da Universidade de Sorocaba; estudante de Filosofia e Psicanálise.
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