sábado, 15 de maio de 2010

Não deixem a universidade dos trabalhadores acabar!



Os donos do capital têm mesmo razões para se sentir
ameaçados. Um dos pilares de sustentação da
desigualdade social é, precisamente, o abismo
que separa os intelectuais
das camadas populares. O "povão" é mantido à
distância
dos centros produtores do saber. A elite brasileira
sempre
foi muito eficaz e inteligente a esse respeito.
Conseguiu
até a proeza de criar no país uma universidade
pública
(apenas em 1934, isto é, 434 anos após a
chegada de
Cabral) destinada a excluir os pobres.


por José Arbex Jr. (texto originalmente publicado na revista
Caros Amigos)

Caros(as) amigos(as):



http://juntosomos-fortes.blogspot.com/


A Escola Nacional Florestan Fernandes pede a sua
ajuda urgente
para se manter em funcionamento (veja como c
ontribuir, no final deste texto).

Situada em Guararema (a 70 km de São Paulo),
a escola foi
construída, entre os anos 2000 e 2005, graças ao
trabalho
voluntário de pelo menos mil trabalhadores sem terra
e simpatizantes.
Nos cinco primeiros anos de sua existência, passaram
pela escola
16 mil militantes e quadros dos movimentos sociais do
Brasil, da
América Latina e da África.

Não se trata, portanto, de uma ?escola do MST?,
mas de um
patrimônio de todos os trabalhadores comprometidos
com um
projeto de transformação social. Entretanto, no
momento em
que o MST é obrigado a mobilizar as suas energias para
resistir
aos ataques implacáveis dos donos do capital, a escola
torna-se
carente de recursos. Nós não podemos permitir, sequer
tolerar
a ideia de que ela interrompa ou sequer diminua o ritmo
de suas
atividades.

A escola oferece cursos de nível superior, ministrados
por mais
de 500 professores, nas áreas de Filosofia Política,
Teoria do
Conhecimento, Sociologia Rural, Economia Política da
Agricultura,
História Social do Brasil, Conjuntura Internacional,
Administração
e Gestão Social, Educação do Campo e Estudos
Latino-americanos.
Além disso, cursos de especialização, em convênio
com outras
universidades (por exemplo, Direito e Comunicação
no campo).

O acervo de sua biblioteca, formado com base em
doações,
conta hoje com mais de 40 mil volumes impressos,
além de
conteúdos com suporte em outros tipos de mídia.
Para assegurar
a possibilidade de participação das mulheres, foram
construídas
creches (as cirandas), onde os filhos permanecem
enquanto as
mães estudam.


A escola foi erguida sobre um terreno de 30 mil
metros quadrados,
com instalações de tijolos fabricados pelos próprios
voluntários.
Ao todo, são três salas de aula, que comportam
juntas até 200
pessoas, um auditório e dois anfiteatros, além de
dormitórios,
refeitórios e instalações sanitárias.

Os recursos para a construção foram obtidos com
a venda do livro
Terra (textos de José Saramago, músicas de Chico
Buarque e fotos
de Sebastião Salgado), contribuições de ONGs
europeias e doações.

Claro que esse processo provocou a ira da burguesia
e de seus
porta-vozes ?ilustrados?. Não faltaram aqueles que
procuraram,
desde o início, desqualificar a qualidade do ensino
ali ministrado,
nem as ?reportagens? sobre o suposto caráter
ideológico das aulas
(como se o ensino oferecido pelas instituições
oficiais fosse
ideologicamente "neutro"), ou ainda as inevitáveis
acusações
caluniosas referentes às "misteriosas origens" dos
fundos para a
sustentação das atividades.

As elites, simplesmente, não suportam a ideia que
os trabalhadores
possam assumir para si a tarefa de construir um
sistema avançado,
democrático, pluralista e não alienado de ensino.
Maldito Paulo Freire!

Os donos do capital têm mesmo razões para se
sentir ameaçados.
Um dos pilares de sustentação da desigualdade
social é, precisamente,
o abismo que separa os intelectuais das camadas
populares. O "povão"
é mantido à distância dos centros produtores do
saber. A elite brasileira
sempre foi muito eficaz e inteligente a esse respeito.
Conseguiu até a
proeza de criar no país uma universidade pública
(apenas em 1934, isto
é, 434 anos após a chegada de Cabral) destinada
a excluir os pobres.

Carlos Nelson Coutinho e outros autores já demonstraram
que, no Brasil,
os intelectuais que assumem a perspectiva da
transformação social
sempre encontraram dois destinos: ou foram
cooptados (mediante o
"apadrinhamento", a incorporação domesticada nas
universidades e
órgãos de serviços públicos, ou sendo regiamente
pagos por seus escritos,
ou recebendo bolsas e privilégios etc.), ou os poucos
que resistiram foram
destruídos (presos, perseguidos, torturados, assassinados).

Apenas a existência de movimentos sociais fortes,
nacionalmente organizados
e estruturados poderia fornecer aos intelectuais
oriundos das classes
trabalhadoras ou com elas identificados a oportunidade
de resistir, produzir
e manter uma vida decente, sem depender dos
"favores" das elites. Ora,
historicamente, tais movimentos foram exterminados
antes mesmo de ter
tido tempo de construir laços mais amplos e fortes
com outros setores sociais.

A ENFF coloca em cheque, esse mecanismo histórico.
A construção da
escola só foi possibilitada pela prolongada sobrevivência
relativa do MST
(completou 25 anos 2009, um feito inédito para um
movimento popular de
dimensão nacional), bem como o método por ele empregado,
de diálogo e
interlocução com o conjunto da nação oprimida. Esse
método permitiu o
desenvolvimento de uma relação genuína de colaboração
entre a elaboração
teórica e a prática transformadora.

É uma oportunidade histórica muito maior do que a oferecida
ao próprio
Florestan Fernandes, Milton Santos, Paulo Freire e tantos
outros grandes
intelectuais que, apesar de todos os ataques dos donos do
capital,
souberam apoiar-se no pouquíssimo que havia de público na
universidade
brasileira para elaborar suas obras.

Veja como você pode participar da Associação dos Amigos
da Escola
Florestan Fernandes

Em dezembro, um grupo de intelectuais, professores,
militantes e
colaboradores resolveu criar a Associação dos Amigos da
Escola
Nacional Florestan Fernandes, com três objetivos bem
definidos:
1 ? divulgar as atividades da escola, por todos os meios
possíveis,
incluindo sites, newsletter e blogs; 2 ? iniciar uma campanha
nacional
pela adesão de novos sócios; 3 ? promover uma série
intensa de
atividades, em São Paulo e outros estados, para angariar
fundos,
com privilégios especiais concedidos aos membros da
associação.

O seu Conselho de Coordenação é formado por José
Arbex Junior,
Maria Orlanda Pinassi e Carlos Duarte. Participam do
Conselho Fiscal:
Caio Boucinhas, Delmar Mattes e Carlos de Figueiredo.
A sede
situa-se na Rua da Abolição n° 167 - Bela Vista -
São Paulo ? SP ?
Brasil - CEP 01319-030.

Existem duas modalidades de associação: a plena e a
solidária.
A única diferença entre ambas as modalidades consiste
no valor
a ser pago. Ambas asseguram os mesmos direitos e
privilégios
estendidos aos associados.

Para ficar sócio pleno, você deverá pagar a quantia de
R$ 20,00
(vinte reais) mensais; para tornar-se sócio solidário,
você poderá
contribuir com uma quantia maior ou menor do que os
R$ 20,00
mensais. Esses recursos serão diretamente destinados
às atividades
da escola ou, eventualmente, empregados na organização
de
atividades para coleta de fundos (por exemplo: seminários,
mostras
de arte e fotografia, festivais de música e cinema).

Para participar e contribuir, clique aqui , faça o
download da Ficha
de Adesão (PDF), imprima, preencha e envie por email para associacaoamigos@enff.org.br . Caso você seja do
Rio de Janeiro,
envie uma cópia do email para
amigosdaenff.rj@gmail.com

Para obter mais informações, procure a secretaria
executiva Magali
Godoi através dos telefones: (11) 3105-0918;
(11) 9572-0185;
(11) 6517-4780, ou do correio eletrônico:
associacaoamigos@enff.org.br


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